Leia o artigo de Raimundo Teles, acadêmico do curso de Geografia da UERR, sobre a reserva indígena Raposa-Serra do Sol: RAPOSA SERRA DO SOL. QUEM ESTÁ COM A RAZÃO? Com uma visão imparcial podemos iniciar uma análise, considerando as várias possibilidades, especialmente em questões polêmicas e delicadas como é o caso das conflituosas demarcações das terras indígenas de Roraima, e mais precisamente a reserva indígena Raposa Serra do Sol. Resultado de forte pressão internacional, não é difícil imaginar que não se consolidaria não fosse dessa forma. Não significa que este seja um desfecho justo ao passo que não é unanimidade entre os supostos maiores interessados na questão, que dizem ser os índios. E pelo fato da mídia e organismos internacionais, não darem vez nem voz aos que são contrários à demarcação de forma contínua. As manifestações sectárias que partem de alguns segmentos envolvidos, só atrapalham e tornam belicosas as relações entre índios e não índios. Existem fortes argumentos de todas as partes envolvidas, cada uma obviamente, defendendo seus próprios interesses. As coisas tomaram esse rumo porque faltaram da parte do governo, políticas sérias de inclusão, que fosse capaz de realmente transformar a realidade do índio a uma condição de cidadão livre, autônomo, habilitado a construir sua vida dentro desse contexto social. Prova disso é a situação que se encontram aqueles que migraram às cidades, e ajudam a inchar as periferias vivendo em situação de miséria. Há um discurso apaixonado e nacionalista, o que é natural frente à expectativa de uma ruptura do território brasileiro, caso os povos indígenas empunhem bandeira emancipa tória, declarem independência formando um novo país com as bênçãos da ONU e apoio militar estadunidense. Esse é o pensamento que floresceu e predomina no imaginário popular . No entanto os índios foram os primeiros habitantes, os primeiros donos desta terra. E sabe-se que a política de expansão das fronteiras do Brasil quando da sua formação, escravizou, matou e até dizimou povos inteiros. Inclusive muitos que hoje os defendem, um dia os fez vassalos. Existe o discurso religioso que teoricamente prima pela preservação de sua cultura muito embora trabalhe para modificar o que têm de mais sagrado, que é a maneira simples com que manifestam sua fé. Ocupando esse mesmo espaço estão os desenvolvimentistas que também se justificam pelo trabalho de produção de alimentos, gerando emprego e renda. Tentam resistir à desocupação por estarem ali seus empreendimentos, fruto de muito trabalho. Existem famílias centenárias nessas áreas agora pretendidas. O mesmo governo que incentivou e até patrocinou a ocupação do extremo norte, como forma de garantir a integridade territorial, agora expropria. O mais danoso, entretanto, é o uso político do caso para fins eleitoreiros. Problemas fundiários mais simples estão sem solução. Imagine um com essa complexidade. É esperar pra ver. *Publicado originalmente no jornal Folha de Boa Vista, edição do dia 16 de fevereiro de 2008.